PORTUGAL,
 
MUSEU VIVO DO AZULEJO
 
 
 
 
 
Emblema de Portugal
 
 
CAPELA DAS ALMAS III
 
OUTROS VALORES ARTÍSTICOS 
 
 
 
Na Capela das Almas, além dos azulejos, há ainda valores artísticos que convém não esquecer ou subestimar. O painel do altar-mor é digno de ser admirado pela sua beleza, equilíbrio, suavidade e pelas figuras que nele aparecem: Nossa Senhora e os Apóstolos.
 
          O painel da Ascensão do Senhor é outra peça digna de registro. Foi pintado por Joaquim Rafael, nascido no Porto em 1783 e falecido em 1864, discípulo de Vieira Portuense e professor de desenho da Academia de Belas Artes de Lisboa. Além desse, citam-se  como de sua autoria os de Santa Clara, dos Clérigos e da Lapa. O da Ascensão do Senhor foi pintado em 1815, medindo 5,61 m x 2,13 m, e correu o risco de se perder. Após a tomada de posse da Reitoria da Capela das Almas em 1º de janeiro de 1953, a preocupação primeira foi restituir este painel à sua beleza e verdade pictórica primitivas, adulteradas por pessoas sem gosto e sem escrúpulos. Na verdade, sobre a autêntica pintura de Joaquim Rafael foi repintada outra Ascensão do Senhor, sem beleza alguma. Foi necessário destruir a segunda pintura - uma obra morosa, difícil e delicada, de grande dispêndio. Graças ao saber e à paciência do pintor professor Mendes da Silva, o painel da Capela das Almas foi restituído à sua beleza original, tal qual saiu das mãos do pintor Joaquim Rafael.
 
        O vitral da fachada também merece uma referência. Está assinado pelo pintor e professor da Escola de Belas Artes do Porto, Amândio Silva. Tem uma simbologia perfeitamente enquadrada no dogma da redenção dos homens pelo sangue de Cristo. Representa um braço de Cristo pregado na cruz, brotando da chaga da mão várias gotas de sangue que caem sobre as almas do purgatório.
 
        Duas imagens merecem registro especial: a de Nossa Senhora da Hora e a de Nossa Senhora das Almas. Esta última imagem é obra do século XVIII; tem beleza e sobriedade.  É interessante notar que nesta representação iconográfica, bastante usada na época, encontram-se duas imagens muito parecidas:  a de Nossa Senhora da Lapa,  (encontra-se na igreja da Lapa) e uma outra na Igreja Paroquial de Castro Laboreiro - que é perfeitamente igual à da Capela das Almas, exceto na peanha que não tem qualquer representação das Almas do Purgatório.
 
        O documento mais antigo que se encontra no arquivo da Capela das Almas é uma referência ao Breve Pontifício do Papa Pio VI, datado de 26 de agosto de 1795, com Beneplácito Régio da Senhora D. Maria I, em que se concede "uma indulgência plenária a todos os fiéis de ambos os sexos, que com as devidas disposições receberem o Santíssimo Sacramento da Eucaristia no dia em que entrarem para Irmãos da Venerável Irmandade das Almas do Purgatório erecta na Capela das Almas de Santa Catarina desta cidade".
 
        A entidade que superintende na Capela das Almas é a Venerável Irmandade das Almas e Chagas de São Francisco. Erecta na igreja de Santa Clara, nos fins do século XVIII, passou para a Capela de Santa Catarina. A  festa principal é a do aniversário da Instituição do Sagrado Lausperene (exposição permanente do Santíssimo) no dia da Ascensão do Senhor. O Lausperene era - e ainda é - em todas as quinta-feiras do ano, tendo sido autorizado por Breve Pontifício de 1804. A Festa principal desta igreja é a Ascensão do Senhor, motivo pictórico do painel do Joaquim Rafael.
 
A 26 de outubro de 1985 os órgãos de comunicação social divulgaram a seguinte notícia:
       
        " Por despacho de Sua Excelência o Ministro da Cultura proferido sobre o parecer do Instituto Português do Patrimônio Cultural, foi determinada a classificação como imóvel do interesse público da Capela das Almas."   Esse despacho de classificação como imóvel do interesse público foi ratificado a 30 de novembro de 1993 pelo Decreto 45/93.
 
        Posteriormente a esse decreto as obras do metrô do Porto danificaram seriamente os azulejos da Capela das Almas, que teve nova fase de restauro que durou dois anos e terminou em abril de 2005.
       

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fundo Musical: Lisboa Antiga
Raul Portela, José Galhardo e Amadeu dos Santos
Orquestra Ray Conniff
 
Produção e Formatação:
Mario Capelluto e Ida Aranha
 
Imagens:
Maria Teresa Barros Ramalho
 
 
 

Fontes:

1 - "Capela das Almas - Uma jóia da Azulejaria Portuguesa",  Alexandrino Brochado,
       Litografia Nacional, Porto, Portugal, dezembro de 1985;
        
2 - Atualização: Internet - Artigo de Alexandrino Brochado.