Raphael - Ressurreição de Cristo, 1499-1502
Óleo sobre madeira 52x44 cm -  Museu de Arte de São Paulo - MASP
 
 
Celebração da Páscoa
 
 
 
 


Boris Kustodiev, Easter Greetings, 1912,
 mostra a celebração tradicional da Páscoa na Russia.
 
 
Pessach e Páscoa

A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas com um significado diferente. Enquanto para o Judaismo  Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no Cristianismo  a Páscoa representa a morte e a ressurreição de Cristo,  assimilando também diversos elementos como alegóricos de morte e renascimento representados pela transição do inverno-primavera que ocorre neste período no hemisfério norte.

A Páscoa (do hebraico Pessach,  significando passagem) é um evento religioso cristão,  normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa da cristandade. Na Páscoa os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo  (Vitória sobre a morte) depois da Sua morte por crucificação,  que teria ocorrido nesta altura do ano, em 30 ou 33 d.C.  O termo pode referir-se também ao período do ano canônico, que dura cerca de dois meses a partir desta data até o Pentecostes.

Os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pessach,  data em que os judeus  comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egiito. 

A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera no hemisfério norte) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra Prometida).  

 

 
 
Ovo - Símbolo da Páscoa

É sugerido por alguns historiadores que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa)  são resquícios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, mais tarde, foram assimilados pelas celebrações cristãs do Pessach, depois da cristianização dos pagãos germânicos. Contudo, já os persas, romanos, judeus e armênios tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época.

Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera,  onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela Igreja Católica no principio do 1º milênio depois de Cristo,   fundindo-o com outra festa popular  chamada de Páscoa.

A tradição de presentear com ovos - de verdade mesmo - é muito antiga. Na Ucrânia,  por exemplo, centenas de anos antes de era cristã já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza - lá eles têm até nome, pêssanka - em celebração à chegada da primavera.

Os chineses e os povos do Mediterrâneo  também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a estação do ano. Para deixá-los coloridos, eram levados para cozinhar com beterrabas.

Mas os ovos não eram para ser comidos. Eram apenas um presente que simbolizava o início da vida. A tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa.

Eles celebravam Ostera,  a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente a seus pés.

 

 

Ovos de chocolate

Os cristãos se apropriaram da imagem do ovo para festejar a Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus.     Na época, pintavam os ovos (geralmente de galinha, gansa ou codorna)  com imagens de figuras religiosas, como o próprio Jesus e sua mãe, Maria.

Na Inglaterra do século X, os ovos ficaram ainda mais sofisticados. O rei Eduardo I  (900-924) costumava presentear a realeza e seus súditos com ovos banhados em ouro ou decorados com pedras preciosas  na Páscoa. Não é difícil imaginar por que esse hábito não teve muito futuro.

Foram necessários mais 800 anos para que, no século XVIII, confeiteiros franceses tivessem a idéia de fazer os ovos com chocolate  - iguaria vinda da então recém-descoberta América.  Surgido por volta de 1500 a.C., na região do golfo do México,   o chocolate era considerado sagrado pelas civilizações Maia e Asteca.  A imagem do coelho apareceu na mesma época, associada à fertilidade por causa de sua grande prole.

 

 

 A data da Páscoa cristã

A data da Páscoa foi fixada no primeiro Concílio de Niceia,  no ano de 325.

A Páscoa cristã é comemorada (segundo o costume da Idade Média e da Europa)  no primeiro domingo após a primeira Lua cheia da primavera (outono no hemisfério sul).  A data ocorre entre os dias 31 de março e 25 de abril, e é precedida pela Quaresma, que começa na quarta-feira de Cinzas, depois do Carnaval, evento este que depende da fixaxão da data da Semana Santa para que seja estabelecida a sua realização.

A Quaresma dura 47 dias, embora para o calendário litúrgico os domingos não contem, perfazendo então 40 dias. A duração da Quaresma está baseada no simbolismo do número quarenta na Bíblia que significa provação. Nesta, fala-se dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias em que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública.

 

 
 

 

 
Música:
Aleluia, Álbum Rorate
Intérprete:
Coral Gregoriano de Belo Horizonte, MG
 
 
Pesquisa e Formatação:
Mario Capelluto e Ida Aranha