Edgar Degas -  auto-retrato  (1834-1917)
 
 
 
 
 
 

Dancers climbing the stairs, c. 1886-90

 

"Chamam-me o pintor das bailarinas", dizia Degas com tristeza, "não compreendem que a bailarina é um pretexto para reproduzir o movimento fluido."

 

 

 
 
Edgar Degas foi o pintor do movimento.O tema tornou-se busca incansável para o artista, basta apenas dizer que o universo do balé, sobretudo, com suas bailarinas, foi um dos assuntos a que ele se dedicou, repetidamente, por anos, em pinturas, desenhos e esculturas, Mas a busca do movimento não apenas se traduziu nos gestos de leveza das bailarinas que figuram em tantas de suas obras.
 
Degas não foi um artista que gostasse de fazer pinturas de observação; não costumava sair a campo, como muitos de seus contemporâneos, mas criar e recriar em seu ateliê obras que, em sua maioria, representam cenas de balé, da beleza das bailarinas, mulheres banhistas, cenas de interiores, retratos. Paisagens pouco lhe interessavam, elas aparecem poucas vezes como fundo de alguma corrida de cavalos.
 
Seu amigo Manet desaprovava o gênero de pintura que ele praticava, mas reconhece suas qualidades e elogia em especial seus retratos. Entre estes estava The Bellelli Family, 1859-60, que traz uma composição bastante ousada: posturas anticonvencionais e personagens focalizados num momento de intimidade, com sutilíssimas expressões.
 
Outro flagrante digno de nota é The Orchestra of the Opera, c. 1870, em que ele focaliza seu amigo Désiré Dihau, músico que lhe possibilitou freqüentar os bastidores da Ópera de Paris, logo transformados em incontáveis obras. Sua concepção é totalmente inédita: trata-se de um retrato ambientado, com Dihau a tocar, ao lado de seus companheiros, no poço da orquestra do teatro. A liberdade no tratamento dos personagens e de suas posturas dá ao quadro um sentido de instantâneo fotográfico. Ninguém está posando e, no palco ao fundo, algumas bailarinas mostram os corpos fragmentados, como se um fotógrafo, atento ao modelo central, não tivesse pensado em enquadrá-las.
 
O seu temperamento frio, distante, não estimulava a companhia de amigos e sempre se sentiu e viveu como um solitário, segundo escreve Paul Valery em Degas dança desenho (Cosac Naify)  "por seu rigor, pela inflexibilidade de seus julgamentos." Daí retratar tão bem a solidão no quadro In a Cafe (The Absinthe Drinker), 1875-76, em que se deve notar a posição oblíqua das mesas, o que antecipa o cinema e lembra a velha pintura holandesa de interiores.
 
Outros aspectos da sua vida e obra se encontram na 1ª e 2ª Mostras, já remetidas.
 
 
 
 
 
Edmond Duranty, 1879
 
Four Dancers, 1899
 
In a Cafe (The Absinthe Drinker), 1875-76
 
The Bellelli Family, 1859-60
 
The Duke and Duchess Morbilli, c. 1865
 
The Orchestra of the Opera, c. 1870
 
 
 
 
 
Fundo Musical:
Dance of the Reed Fluter (Nutcracker)
Piotr Ilitch Tchaikovski, 1840-1893
 
Produção e formatação:
Mario Capelluto e Ida Aranha